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Discursos capacitistas: quando a linguagem perpetua preconceitos

Ilustração em degradee com texto Reportagem e logo Liz
Publicado em: 07/10/2021
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"Se fez de surdo"; “fingiu demência”; “Na hora, ficou muda”... Você já deve ter falado ou ouvido expressões como essa sem ter a intenção de ofender uma pessoa surda, muda ou demente, mas já se perguntou por qual motivo tratamos deficiências como traço de mal comportamento?

Os exemplos acima mostram que, por trás de uma simples frase, muitas vezes perpetuamos concepções equivocadas e preconceituosas sobre pessoas com deficiência. A explicação é bem básica: surdez ou demência não são comportamentos que podemos colocar em prática a depender da situação. Ou seja, não são fenômenos que dependem da nossa escolha nem desvios morais que podem ser avaliados como atributos de caráter.

A questão é por que, mesmo tendo consciência disso em muitas ocasiões, continuamos a perpetuar expressões dessa natureza no nosso dia a dia. A resposta pode não ser muito fácil de entender, mas passa pelo fato de que culturalmente tendemos a avaliar deficiências como algo negativo e, ao fazer isso, associamos a pessoa com deficiência a um ponto de vista também ruim, danoso ou inconveniente.

Isso significa que a cultura não molda apenas nossos comportamentos, mas também os discursos e as percepções que temos sobre as coisas. Quando dizemos que vivemos em uma sociedade capacitista, dizemos que reproduzimos discursos capacitistas.

Mas o que é capacitismo?

Chama-se capacitismo o preconceito social contra pessoas com deficiência, Na base desse conceito está a noção de que pessoas com deficiência são inferiores às pessoas sem deficiência, por não corresponderem a uma concepção anatomicamente e/ou comportamental padronizada. O preconceito pode ser expresso como uma opressão ativa e deliberada (insultos, considerações negativas), ou como uma opressão passiva (como reservar às pessoas com deficiência tratamento de pena, de inferioridade/subalternidade).

Termos capacitistas usam um diagnóstico ou determinada característica física de forma pejorativa, e assim reforçam a ideia discriminatória de que pessoas com deficiência são incapazes, imperfeitas ou sem valor, mesmo que essa não seja a intenção de quem fala.

Vamos repensar então as seguintes expressões?

  • Chamar uma pessoa com deficiência de "coitado (a)";
  • Chamar alguém de ou se autodefinir como "retardado";
  • Usar a expressão "fingir demência";
  • Perguntar "você está cego/surdo/mudo?".

Fontes:

https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/o-que-e-capacitismo-e-por-que-todos-deveriam-saber/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Capacitismo

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